Tuesday, August 24, 2004

Robert Altman

Intimidade é um troço sério
Conforme você adquire, você perde.
Regra de três - inversamente proporcional.
Intimidade vem com a conversa diária
Vem com o encontro dos olhos,
no fundo das palavras, os olhos.
Vem com a aproximação das verdades,
Irreconciláveis.
Intimidade de nós, que meu,
Tá crescendo,
E fudendo com a amizade.
Até que um não saiba mais quem é o outro.
Putz, sexo estraga tudo.
Melhor não fazer, né?
Né?
pois é, já acabou o respeito.

Movimento Poética Pé na Porta

O movimento Poética Pé na Porta exige uma poética na vida das pessoas, falada em linguagem de semana.Exige o direito de escrever trabalhos acadêmicos sem ênclise, pois nós acreditamos que se o Mário de Andrade podia, nós também podemos.

Exigimos também o direito de afogar-nos em poesia melodramática ruim, pois da enorme quantidade de merda é que saem as boas idéias. Continuem tentado sempre garotos. No mundo não existem gênios, existem sortudos.

Exigimos, por fim, um modernismo politicamente engajado, não concreto, abstrato e idelista até a alma. Um espírito poético, que se cria a partir de suas bases materiais de produção, de forma que quando o geist poético surja, os caça-fantasmas tenham suas armadilhas de ectoplasma à mão.

Manifestamos assim, a vontade de não ser mais clase média, pois não podemos mais não ser burgueses. Se pudésemos não ser burgueses, assim o não seríamos, mas a burguesia é tão pequena hoje que só nos resta não ser classe média. Queremos ser proletários emancipados, com gosto de fruta mordida. Não ricos, mas pobres com dinheiro.

Queremos uma sociedade, não justa, mas larga, sem cinto, sem zíper; na qual caibam gordos e magros, barbudos e carecas, feios e bonitos -não, feios não, pois ainda somos um movimento superficial, preso às aparencias, conforme nos radicalizarmos, incluiremos os feios no movimento, ponto, então crucial da emancipação humana.

Queremos uma poesia pé na porta do castelo de caras, queremos um chute no saco da concentração de renda e de Deus, e dos deuses. E da filosofia autônoma. Queremos dizer assim, ó:

Vai tomar no cu!

eta planetinha miserável...

Investimento libidinal em objeto

Ah se eu fosse homem...
Eu a pegava, nas ancas, para ser chulo, mas com classe.
Aproximava-a do meu rosto,
Pupila beijando pupila,
Sentindo o arrepio dela no meu desejo.
E encontrava ela em mim.
Rodando e irresponsável, a dança nos tomando,
O mundo nos deixando, sem rima.
Seus olhos amendolados,
Mestiça ela,
Mestiço eu.
Nós dois misturados, dando vazão a um sabor
Planejado há anos.
Em ambos guardado, em ambos secreto.
Segredo aberto para o público que
A eles assiste, e torce.
Como numa novela das sete.
A minha palhaçada medrosa, tímida.
E anos depois comemoraremos,
Eu e o Austríaco,
Um final feliz incerto.
Tomara com ela.