Sunday, October 29, 2006

Cacófato

Ao largo das ruas do centro,
Pela Consolação voa poeira,
Sobem os golzinhos velhos e novos,
Soltando fumaça, descem as mercedes.
E eu estou com ela.
Em casa, o sol violenta a janela,
É manhã e toca o alarme no celular,
Ainda nem é possível escrever
E eu estou sem ela.
De noite, sob os lençóis não trocados,
Sempre comigo ela,
O quarto desenha um grito opaco
E ela?

Dona margarida pergunta do gato,
A gata vai bem obrigada, ontem
Arranhou-me. Anda em círculos
Entre minhas pernas que tremem,
Por que? Ela.
O processador de texto não me inspira,
Meus livros não perfumam
Minha história, escrever o quê.
Sem ela?
Milagres acontecem vez ou outra,
No dia a dia do cotidiano pequeno
Burguês, sustenta-se o preguiçoso escritor,
Quem? Ele?
Pruma universidade de São Paulo,
Burguesa, e assim a Agência
Paulista, prepara as Letras
Também ela.
A imagem fugaz duma bela moça com quem desejei estar, um período, um momento, uma hora.
Uma dança. Só uma dança passageira, caliente. Hortelã, rum e limão. Beijos molhados e abraços apertados, que não se bastaram.
Não bastam.
Nem ela.
E quando não chove,
Senhor Jonas, desça dançando a manhã.
Trazendo-me ela.

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